Por: Ricardo Gondim
Amo com dificuldade, mas esqueço sem esforço. Viro as costas e pronto, acabou. Apago o contorno dos olhos. Anulo os cheiros. Rasgo memórias. Lixo tatuagens. Jogo na lixeira da alma quem me feriu. Nunca tramo vingança; não há necessidade, sou hábil em diluir quem me feriu.
Não, não estou me gabando. Sei que peco contra mim mesmo quando desprezo. Acabo com a possibilidade do perdão, tranco a porta da misericórdia e me distancio do bem. Tenho que me esforçar para não deixar que a mediocridade, que tanto detesto, me apequene. Preciso da nobreza dos mansos que suplantam as dores do passado - a minha lateja por décadas. Reconheço que me aleijo quando deleto alguém. Não gosto de ser indiferente.
Desde cedo sofri. Padeci e criei casca. Para sobreviver, revesti-me com a sobrepeliz da insensibilidade. Por isso, apaixonei-me por Jesus de Nazaré. Ele venceu o ódio sem punhal. Desarmado, só com bondade, atropelou a maldade. Sem contar com nenhum exército, fez da ternura a força mais admirável do universo.
Reconheço a minha carência. Tenho muito o que aprender. Ainda hei de acolher quem joga pedra, compreender quem é torto de inveja e caminhar duas milhas com quem conspira para destruir.
Soli Deo Gloria
Fonte: http://www.ricardogondim.com.br/
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