quarta-feira, agosto 19, 2009

O Amor é Essencial

Por: Joaquim Tiago


dou.tri.na

s. f. 1. Conjunto de princípios em que se baseia um sistema religioso, político ou filosófico. 2. Opinião em assuntos científicos. 3. Catequese cristã.[1]

Cristianismo Legalista

Este é um Deus do evangelho da graça. Um Deus que, por amar-nos, enviou, envolto em carne humana, o único Filho que jamais tivera. Seu filho aprendeu a andar, tropeçou e caiu, chorou por seu leite, transpirou sangue na noite, foi fustigado com acoite e recebeu muitas cusparadas, sendo preso à cruz e morrendo, não sem sussurrar perdão sobre todos nós.

O Deus do cristão legalista, por outro lado, é com frequência imprevisível, errático e capaz de toda sorte de preconceito. Quando enxergamos Deus dessa forma, sentimos compelidos a praticar algum tipo de mágica para aplacá-lo. O culto dominical passa ser uma apólice de seguro supersticiosa contra seus caprichos. Esse Deus espera que todas as pessoas sejam perfeitas e sejam a todo instante capazes de controlar sentimentos e pensamentos. Quando os dilacerados que detêm esse conceito de Deus fracassam – o que inevitavelmente o correrá -, em geral contam que serão punidos. Assim, perseveram nas práticas religiosas ao mesmo tempo que lutam por manter uma imagem oca de um eu perfeito. A luta em si exaustiva. Os legalistas nunca conseguem viver à altura das expectativas que projetam para Deus. (Mc 7.6-7). (MANNING. Meditação para Maltrapilhos, pg. 148).[2]


Conjunto de Princípios (Cl 1:15-20)


O conjunto de princípios não é simplesmente um conjunto de regras. O conjunto de princípios é um conjunto de origem e fundamento para qualquer regra.


Creio na revelação bíblica e também a vejo como um conjunto de valores fundamentais para minha vida e para vida da comunidade. Por esse conjunto que procuro dar rumo ao caminhar. Sem preconceito!


Sei também das várias formas de interpretações, regras e suposições existentes, onde mora o perigo dos desvios de conduta, dos desvios de orientações. Busco saber diariamente via Graça educadora do Senhor o que é perfeito, bom e agradável ao Senhor, como sacrifício vivo, culto consciente (Rm 12.1,2).


O principio fundamental para todas as coisas, questões ou frutos é o amor. Deus é amor (1Jo 4.16)! Creio que toda ação comunitária, e todo exercício dos dons relatados pelo apóstolo Paulo na primeira carta aos Coríntios (1Co 12) e também na carta aos Efésios (Ef 4.11) é tudo fruto de uma boa consciência que por sua vez é fruto do amor. Amor procedente de um coração puro (1Tm 1.5).


Para compartilhar da identidade do Pai Eterno e seus princípios esforçarei-me exercitando o amor. A ação motivadora para todas as coisas é o amor - A Deus e ao próximo (Mt 22.37-39). É um principio delineador de conduta, de valores contra o eu.


Assim o que podemos fazer na vida e na comunidade é pensando no outro, no relacionamento (espiritual), construindo valores fundamentados em boas obras. Essa ação requer renuncia. Sei que fui convocado para ser discípulo e ensinar (testemunhar) a guardar todas as boas coisas (Mt 28.19,20). É a vida de Cristo me ensinando como o homem deve ser. Já não vivo mais ou não vive mais o eu, mas Cristo vive em mim (Gl 2.20). É a luta entre o espírito e a filia (doença) dos sentidos carnais, entre o ego e a cruz (Gl 5.16-18).


Não serei mais escravo, posso não querer determinadas coisas por amor a Deus e ao próximo. Esses são princípios que regem a vida, assim luto para manter a fé e a boa consciência (1Tm 1.19).


Os valores (espirituais) que regem agora os princípios esta presente na vivência onde compartilho com outras pessoas boas obras em cada lugar e em cada coisa (1Co 2.14,15). Os valores de toda comunidade de discípulo do Mestre só podem ser baseados em princípios bíblicos; revelados. Todos são alcançados integralmente por bons frutos - dando liberdade e trazendo libertação aos encarcerados.


Por isso o Apóstolo Paulo escreve na maior parte de suas cartas exortações às igrejas, corrigindo várias questões, onde a comunidade fugiu aos princípios elementares. Exageraram e faltaram com boa consciência entre as pessoas. Por muitas vezes o Apóstolo tinha que voltar ao “leite espiritual” porque o povo não amadurecia (1Co 3.1-3). O corpo ficava prejudicado com pessoas fracas e doentes. As pessoas não sabiam mais discernir a si próprio (1Co 11.17-34).


Para chegar a uma sábia conclusão é valido pensar em uma das sete cartas direcionadas as igrejas da Ásia pelo Apóstolo João que se encontra no livro do Apocalipse. A carta à igreja de Éfeso (Ap 2:1-7), principal comunidade local, é uma séria advertência, por não dizer fatal para o corpo. Éfeso é uma comunidade boa e zelosa com trabalhos árduos e perseverantes contra os falsos apóstolos, impostores que abusam da boa fé. Porém havia abandonado o ESSÊNCIAL! Essencial para junta dos membros (Ef 4.14-16): O primeiro amor (Ap 2.4)!


Por vezes somos levados por vento de princípios que nos faz esquecer do Cristo; o que se entregou. Para nós discípulos do Mestre o maior valor cultivado é perder a própria vida para que Cristo seja agora a nova vida (Mt 10.39). Ficamos tentando ganhar o que já não tem mais sentido, esses são princípios do sistema perverso dominado pelo anti-Cristo, deste tempo (hipermoderno[3]) de egoísmo e individualismo.




[1] Dic Michaelis - UOL

[2] MANNING, Breannan. Meditações para Maltrapilhos. SP: Ed. Mundo Cristão

[3] Hipermodernidade é o termo criado pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky para delimitar o momento atual da sociedade humana. O termo “hiper” é utilizado em referência a uma exacerbação dos valores criados na Modernidade, atualmente elevados de forma exponencial.

A Hipermodernidade é caracterizada por uma cultura do excesso, do sempre mais. Todas as coisas se tornam intensas e urgentes. O movimento é uma constante e as mudanças ocorrem em um ritmo quase esquizofrênico determinando um tempo marcado pelo efêmero, no qual a flexibilidade e a fluidez aparecem como tentativas de acompanhar essa velocidade.

Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo: tudo é elevado à potência do mais, do maior. O termo Hipermodernidade como idéia de exacerbação da Modernidade surgiu em meados da década de 70 e ganhou destaque em 2004 graças ao estudo de autores franceses e ao livro “Os tempos hipermodernos” do próprio Lipovetsky.

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