quarta-feira, novembro 25, 2009

apostasia cotidiana

por: Joaquim Tiago

Apostatar é uma ação de abandono do que se acreditava e não acredita mais. É como se não fizesse mais sentido crer no que se crer os crentes de uma religião, de uma filosofia ou de um grupo. Há muitos grupos de alguns que estão agindo desse forma em nossos dias. Outros tantos tem transferido sua fé para deuses contemporâneos, a começar pelo príncipe deste mundo, o capital financeiro, os valores monetários, a “bufunfa”.

O deus deste mundo egoísta consegue com muito mais “razão” e poder resolver os problemas dos que apostataram. O valor capital financeiro trouxe consigo a religião do consumo e o extremo do prazer imediato e sem compromisso, como a sensualidade e o sexo desregrado.

Existem novas religiões neste sistema, a religião do consumo é a filosofia do prazer. Os adoradores de si mesmo estão se poupando em tudo abandonado a fé na verdade para ter fé em si mesmo e nos deuses do espetáculo.

O que vc quer?

A fé não responde mais.

Nos temos uma para te vender.

“MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;”
(I Timóteo 4 : 1)

sábado, novembro 21, 2009

A vítima e o opressor


Por: Joaquim Tiago

Vítima e opressor são dois lados de uma mesma moeda. Quem é vítima hoje pode ser o opressor de amanhã. Reproduzimos o que aprendemos, até como forma de identidade que temos e que somos.

Vivemos dentro de um sistema onde existem duas escolhas, ou são duas escolhas que nos oferecem para sobreviver. Aceitamos por imposição sermos vítimas ou nos tornamos opressores.

É assim que funcionam as instituições em boa parte do mundo corporativo, gente oprimindo gente, gente vitimando gente, as vítimas que um dia será também opressor do amanhã, é só experimentar ele, o poder. O poder corrompe por que o sistema é corrompido por ele. Tem gente querendo mandar porque já cansou de ser oprimido e o que ele sabe fazer como pessoa “esperta” é oprimir para que todos possam obedecer.


Como ser uma boa pessoa se todos querem ser mal?

Ser uma boa pessoa neste sistema perverso é ser vítima, lógico que nem toda vítima é uma boa pessoa, mas corre o sério risco de se tornar uma vítima do sistema. As pessoas que são vítimas hoje e não são boas numa oportunidade oprimirá alguém com inveja, por que ela quer ser o que o outro é, mas não consegue.

O mundo é um lugar oprimido por demais, infelicidade beira por todos os lados e mesmo quem não é vítima aos nossos olhos podem ser vítima de si mesmo, de um sistema ainda mais perverso que o corporativismo. E quem não tem um opressor no final da história coorporativa tem dentro de si o eu, a existência.

A não realização pessoal de quem não sabe o que é. Eu sei que sou mesmo cobrado e julgado pelo o que sou, ou por quem deveria ser. Oprimido por que ainda não sei ou se sei preciso fazer para provar que sou. Frustrações de quem não sou e nem realizei por saber que eu não sei se sou capaz. Quem me falou que sou capaz? Que certeza pode ter?

O opressor não esta satisfeito e quer mais, não valoriza e impõe que você só será quando produzir além do que você fez para ser. Para ganância isso não tem fim e nem reconhecimento. Que tipo de reconhecimento fazemos do outro? O outro não merece ser reconhecido a não ser por algumas “boas” palavras de consolo tais como: “você merece ou você é especial”.

Cristo nos ensina a amar a quem nos oprime (Mt 5.44), ainda pede pra fazer o bem e orar por eles. Não abandone o ensino de Cristo agora mesmo que pareça assustador. Eu sei que ser a vítima não é tarefa fácil, nem sei se devo chamar de tarefa, quanto mais algo que seja fácil. A vítima tudo sofre e tudo pode padecer.


Mas como vamos encarar nosso opressor e amá-lo?

Não fazendo parte ou sendo cúmplice da sua ação, não se tornando o mesmo. Assim encontraremos um inimigo forte a nossa altura, que é a nossa vontade, nosso desejo, meu querer, minha justiça e meu engano. Será que eu sei fazer justiça? Será que eu consigo justificar meus atos?

Eu não tenho que esta de acordo com meu opressor e nem ajudá-lo no que faz, mas não tenho que ser como ele em nada, tenho que saber de que lado da moeda estou.

Os evangélicos nestes dias estão sendo vitimados por um bando de mau testemunhos vindo de teologias do dinheiro, do eu posso, do relativismo, disso e daquilo. Mas como reagiremos?

Muitos discípulos de Cristo estão sendo injustiçados e vitimados em igrejas. Mas como reagir? A melhor forma que o sistema nos ensina é sermos também um opressor para sobrevivermos em um mundo oprimido.

Creio que quando Cristo respondeu aos seus opressores não foi buscando justiça própria, mas levá-los a entender e crer. Nem todos queriam ouvir a verdade porque não queriam deixar de serem opressores em nome da religião e do orgulho.

O mundo esta debaixo de um julgo pesado da economia, da exploração. O mundo é oprimido pelo desemprego, fome, guerra e muitas outras mazelas. São milhares de vítimas em muitos lugares e são milhares de opressores que abusam das vítimas para poderem lucrar nas mais variadas maneiras.

Os vitimados do sistema estão refém da sobrevivência, oprimidos pela grande mídia à não pensarem o que são. A grande mídia nos da um sonho de um dia ser também um bom opressor, e valorizamos os que “venceram”, os mínimos que chegaram ao topo da cadeia alimentar.

O sol esta se levantando sobre todas as pessoas, os maus e os bons, os justos e injustos (Mt 5.45). Cristo quebrou o ciclo da opressão sendo a vítima em nosso lugar e nos ensinando a não sermos opressores da mesma forma como foram com ele. Temos a Verdade de vida agora para o ser, para a vontade de agir não mais em justiça própria, mas justificados pela fé Nele.


Se não somos opressores, corremos o risco de sermos vítimas, os opressores estão em uma cadeia e as vítimas logo encontrarão liberdade.


“Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão?” (Mt 5.46a)

domingo, novembro 15, 2009

Jesus nunca foi gospel


Esta no ar o sítio: Jesus nunca foi gospel.
Uma análise crítica sobre esse mercado em constante crescimento.
No livro Ouça o Espírito Ouça o Mundo John Stott nos fala das várias transformações de figuras que deram para Jesus ao longo da história. Nos dias atuais estão pintando Jesus como um ótimo empresário e um belo garoto propaganda. Por isso não deixe ler e acompanhar o sítio: Jesus nunca foi gospel.
Parabéns ao Markeetoo

quinta-feira, novembro 05, 2009

Com a ciência e a tecnologia, homem está querendo ser Deus


Por: Leonardo Boff


Ser humano jamais superará os limites de sua natureza

Rose Marie Muraro é uma mulher impossível. Com extrema limitação de vista e de saúde, escreveu 35 livros e editou cerca de outros 1.600. Foi pioneira do feminismo brasileiro. Seu estudo sobre a sexualidade da mulher brasileira se transformou num clássico, seja pela metodologia, seja pelas categorias de análise.

Formada em física, sempre se preocupou com a tecnologia e sua incidência no destino humano. Agora, no avanço dos anos, e após muitas pesquisas manejando mole imensas fontes, nos entrega um livro-síntese: "Os Avanços Tecnológicos e o Futuro da Humanidade: Querendo Ser Deus?", publicação da Editora Vozes, de Petrópolis, da qual foi diretora editorial.

O subtítulo "Querendo Ser Deus?" define a perspectiva de sua análise e, ao mesmo tempo, faz ecoar uma denúncia contra o tipo de ciência e de tecnologia dominantes na história, desde os alvores da humanidade, quando há mais de 2 milhões de anos surgiu o homo faber, aquele que primeiro utilizou o instrumento para se impor à natureza, passando por vários períodos com suas respectivas revoluções, até chegar aos tempos contemporâneos da engenharia genética, da robótica, da nanotecnologia e da biologia sintética, para culminar na fusão entre homem e máquina.

O que Rose nos mostra é o calvário da Terra e a lenta e progressiva crucificação da vida e da natureza através da tecnociência, posta a serviço da vontade de poder na sua concretização mais crua e cruel no capital/dinheiro.

Mas nem sempre foi assim. Primitivamente, o saber e a técnica estavam a serviço da solidariedade e da partilha, atendendo as demandas humanas e aliviando o peso da vida. Mas, do momento em que surgiu a moeda e ela se fez a mediação exclusiva para todas as trocas e se transformou em mercadoria com preço (juros), se produz uma perversa revolução. Passa-se da cooperação para a competição, do cuidado para a agressividade. O que vige então é o ganha/perde e não o ganha/ganha.

Os senhores do dinheiro assujeitam a si as pessoas, controlam a sociedade e decidem que saber e que técnica cabe desenvolver para reforçar seu poder. Não se produz para a vida, mas para o mercado. Não se inventa para a sociedade, mas para o lucro.

O atual projeto da tecnociência acelerou enormemente a história. Em cem anos, a humanidade caminhou mais do que nos dois milhões de anos anteriores. Essa velocidade estonteou a mente e está gerando uma verdadeira mutação humana, somente comparável àquela ocorrida na evolução biológica multimilenar. Cientistas projetam introduzir nanopartículas na corrente sanguínea do cérebro para gestar uma inteligência supra-humana. Emergiria assim um híbrido de ser humano e máquina, bifurcando a humanidade entre os melhorados e os não melhorados.
É contra esse intento que se insurge, pois ele configura suprema arrogância e atualização da antiga tentação bíblica do ser como Deus.

O ser humano, por mais que queira, jamais superará os limites de sua natureza. Só uma ciência com consciência servirá à vida e garantirá o futuro da Terra. A autora propugna por moedas complementares, por um consumo compassivo e reciclável, por uma revolução radical de dentro para fora e de baixo para cima, no jogo do ganha/ganha, como forma de sair com êxito do cipoal em que nos enredamos.

A frase final de seu brilhante livro é esperançadora: "Quando desistirmos de ser deuses, poderemos ser plenamente humanos, o que ainda não sabemos o que é, mas que intuímos desde sempre".

fonte: O Tempo