sexta-feira, janeiro 30, 2009

Quem serão os separatistas de hoje?


Os Católicos e Os Protestantes

Pr.Gilberto Stefano

Como dissemos, a história das igrejas erradas difere muito da história das igrejas fiéis. Assim como os fiéis que foram apelidados de "anabatistas" (separatistas), elas também tiveram um apelido. Foram conhecidos por Católicos.




O Catolicismo Original

Em nosso país se conhece apenas o catolicismo romano. No entanto ele não é o único nem o primeiro. O catolicismo primitivo foi uma organização eclesiástica à qual pertenciam várias igrejas. Estas igrejas estavam espalhadas por todo o Império Romano. Após a morte dos apóstolos muitas igrejas sofreram a influência maligna do paganismo. Seus membros, instigados pelos falsos pastores, foram vítimas de ensinamentos errados a respeito da autoridade de Cristo sobre sua igreja e também a respeito de como se chegar até o céu. Tais pastores desviaram grandes igrejas sendo que muitas delas um dia foram grandes baluartes da fé. A própria igreja de Roma é um exemplo. O apóstolo Paulo chegou a escrever uma carta a esta igreja. Porém, devido ao mau uso do púlpito, os falsos pastores desviaram completamente o rebanho. Devido terem aceitado heresias estas igrejas foram excluídas pelas igrejas fiéis em 225.
Igreja Católica significa "Igreja Universal". E apesar deste apelido ter sido usado pela primeira vez em 170 pelo bispo de Cartago, referindo-se a todas as igrejas cristãs, ela não tinha a idealização que tem hoje. Este nome começou a ganhar força a partir de 313 quando as igrejas erradas aceitaram ser servas do imperador. Aí sim ficou decidido que a igreja tinha que ser Universal. Tornou-se tão Universal que quem não pertencesse a ela seria punido com a morte. Este pensamento fez com que estas igrejas enchessem suas fileiras de pessoas não convertidas. Em algumas épocas a conversão chegou a ser nacional e não pessoal. Se o rei do país se tornasse católico ele obrigava todo seu povo a ser católico também. O evangelho a partir de 313 deixou de ser proposto para ser imposto sobre todos os moradores do Império Romano.
O catolicismo original contava com cinco patriarcados (ou igrejas mais importantes). Eram eles: Jerusalém, Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria. Estas cinco igrejas brigavam entre si para ver qual delas teria a primazia sobre as demais. Esse quadro começou a mudar com o advento do islamismo. A nova religião praticamente destruiu a importância de três patriarcados: Jerusalém, Antioquia e Alexandria. Isso polarizou o catolicismo em duas grandes correntes. A corrente grega reunia sobre sua autoridade as igrejas do Oriente e foram lideradas pela igreja de Constantinopla. Já a corrente latina reunia sobre a sua autoridade as igrejas do Ocidente e foram lideradas pela igreja de Roma. Essas duas igrejas foram rivais até o século IX. Nesse tempo o catolicismo se dividiu.

A Divisão do Catolicismo
No ano de 869 os bispos de Roma e Constantinopla tiveram um grande atrito entre eles. No final da confusão os pastores de Roma e Constantinopla se excomungaram mutuamente. Desde este dia estas duas igrejas se separaram e até hoje existe dois tipos de Catolicismo. O Catolicismo Oriental representado pelas igrejas de rito grego - também chamado de Igreja Ortodoxa Grega; e o Catolicismo Ocidental - representado pelas igrejas de rito latino - também conhecido como Igreja Católica Apostólica Romana.

Algumas Diferenças dos Dois Catolicismos
A infalibilidade papal e a supremacia universal da jurisdição de Roma constituem a diferença essencial, que a igreja ortodoxa não admite, pois ferem a santa Escritura.
A sagrada Escritura e a santa tradição representam o mesmo valor como fonte de revelação, segundo a igreja ortodoxa. A romana no entanto, considera a tradição mais importante que a sagrada Escritura.
A virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado original. A igreja romana, em 1854, proclamou o dogma de fé: a Imaculada conceição da Virgem Maria.
Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimônio.
A Igreja Ortodoxa só admite ícones nos templos e o batismo é por imersão - mas é infantil.
Na Igreja ortodoxa não existem as devoções ao sagrado coração de Jesus, Corpus Christi, Via Crucis, Rosário, Cristo Rei, Imaculada Conceição, Coração de Maria entre outras.
Na igreja ortodoxa o chefe principal é chamado de Patriarca e ele deve-se submeter a sua decisão ao Santo Sínodo Ecumênico, que compõe todos os patriarcas chefes das Igrejas Autônomas.
Na Igreja Romana o chefe principal é chamado de Papa e a ele se submete toda a igreja.
A igreja Ortodoxa segue o ritmo do Catolicismo original compondo-se de diversas igrejas autônomas e nacionais (Ex. Igreja da Rússia, Igreja da Armênia, Igreja Copta). Já a igreja Romana considera-se uma igreja Una, sendo ela mãe e não igual a todas as outras igrejas.

A Igreja Católica Realmente Precisava ser Excluída em 225?
Pode parecer maldade das igrejas fiéis o fato de terem excluídos de sua comunhão as igrejas erradas em 225. Mas os fatos que se sucederam mostraram que as igrejas fiéis realmente tinham razão.
A primeira razão está no espírito que movia as igrejas excluídas. Não era o espírito de Deus. Seus pastores geralmente eram homens cruéis e sanguinários. Os papas foram os maiores perseguidores das igrejas fiéis que o mundo conheceu. Por mais de 1300 anos perseguiram e mataram cruelmente os Membros das igrejas fiéis. Com a introdução do batismo infantil seus membros acabaram todos sendo cristãos sem precisarem se converter de seus pecados.
Na questão doutrinária os erros aumentam ainda mais. Os dois primeiros erros - formação da hierarquia e salvação pelo batismo - logo foram seguidos por muitos outros. Para que os bárbaros, acostumados com os cultos às imagens, pudessem realmente serem atendidos pela igreja Católica, muitos lideres eclesiásticos entenderam ser necessário materializar a liturgia. Surgiu a idolatria. A veneração de anjos, santos, relíquia, imagens e estátuas foi uma conseqüência lógica deste procedimento. Os pagãos, acostumados à veneração de seus heróis, quando vinham para a igreja católica, pareceu-lhes natural substituir os seus heróis pelos santos e lhes dar um status de semi-divindade. Não tardou e em 590 já veneravam até relíquias, cadáveres, dentes, cabelos ou ossos dos considerados "santos". Ações de graças ou procissões de penitência tornaram-se parte do culto a partir de 313. A oficialização do batismo infantil foi feita a partir de 370. Em 471 foi promulgado o dogma de que Maria é mãe de Deus. Assim, por volta de 590 se desenvolveu rapidamente sua veneração. A doutrina da Imaculada Conceição só apareceu em 1854, e de sua miraculosa assunção em 1950.
A cada ano que passa estas igrejas tornam-se cada vez mais longe das Escrituras. Apesar de existir muita gente boa em suas fileiras é impossível alguém que cumpra certo suas doutrinas chegar ao céu. Não se pode servir a dois senhores.


A ORIGEM DAS IGREJAS PROTESTANTES


No século XVI, por volta de 1500, a igreja Católica Romana passou por uma crise interna que resultou na dissidência de quase metade de seus fiéis. Essa dissidência foi chamada de "Reforma Protestante". Foi dessa reforma que surgiram as Igrejas Luterana, Presbiteriana, Anglicana e a Reformada da Holanda. Todas essas igrejas foram reformadas por padres ou com a ajuda de padres. Os mesmos já não agüentavam tanta heresia e opressão que vinha do Catolicismo Romano. Certos absurdos como Mario-latria, purgatório, adoração de santos e imagens e as indulgências, eram erros tão graves, que mesmo um católico bem informado não pode suportar.

A ORIGEM DA IGREJA LUTERANA


A primeira igreja protestante a surgir foi a Igreja Luterana. Esta igreja leva o nome e as características de seu fundador, Martinho Lutero. Lutero era um homem muito inteligente, porém agressivo. Não concordava com a venda de indulgências e outras heresias da igreja de Roma. Contudo nunca quis abandoná-la. Sua vontade era reformá-la.
Em 1512 Lutero começou a pregar contra a salvação pelas obras. Fez muitas conferências confirmando que o justo iria viver da fé. E nisso ele tinha razão. Em vários sermões ele condenou a prática da venda da indulgência. Em 31 de Outubro de 1517 ouviram-se fortes marteladas na porta da Igreja de Wittenberg. Era Lutero condenando o Papa Leão X e seus legados numa bula de 95 teses. Entre estas teses, algumas eram especialmente desafiadoras:
"Os pregadores de indulgências erram quando declaram que o perdão do Papa livra o pecador da penitência e assegura-lhe perdão.”
"Os que se julgam seguros da salvação pelas cartas do Papa, serão amaldiçoados eternamente, e na companhia de seus mestres.”
"Por que o Papa não esvazia o purgatório pelo amor?"
Devido a essa bula Lutero foi excomungado pelo Papa em 1519.Mas,apoiado pelos imperadores regionais e pelo povo de muitas cidades alemãs, Lutero levou a afinco suas idéias. Ao meio de muita confusão e guerras ele conseguiu reformar a igreja católica na Alemanha em 1521. Essa igreja foi chamada de Luterana.
Seus seguidores foram chamados de luteranos. Na Alemanha e em alguns outros países do norte europeu ela se tornou a religião oficial do pais. A maioria das igrejas católicas que existiam nesses paises - contanto os fiéis, prédios e padres - simplesmente se tornaram luteranos. Geralmente as freiras se casaram com ex-padres. O termo missa foi conservado. As formas liturgias de dirigir a missa quase não mudou. O batismo infantil era uma lei que devia ser cumprida. A hierarquia continuava a mesma, sendo o primeiro chefe da igreja Luterana o próprio Lutero.
A igreja luterana matou e perseguiu os batistas na Alemanha e em todos os países que ela se tornou a igreja oficial do país. No ano de 1525 Lutero ordenou a morte de mais de cem mil anabatistas no sul da Alemanha. Seu ódio aos batistas estava fundamentado no fato que estes, por obedecerem a Bíblia, nunca o aceitaram como um servo de Deus.

A ORIGEM DA IGREJA ANGLICANA


Em 1531, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, queria se divorciar de sua esposa para se casar com outra mulher. O Papa não autorizou o feito. Essa recusa aborreceu o rei, e então ele, que chegou a ser inimigo da reforma proclamada de Lutero, reformou a Igreja Católica na Inglaterra. Essa nova Igreja foi chamada de Anglicana (ou Episcopal). No princípio a única coisa que diferia da Igreja Católica era o fato de não ter papa. Depois, com o passar do tempo, os anglicanos adotaram muitos princípios de Calvino.
Assim como os luteranos e os presbiterianos, a igreja anglicana usa o erro do batismo infantil. Também possui uma hierarquia quase igual a do catolicismo. Devido às conquistas da Inglaterra sobre muitos países, essa igreja foi muito favorecida. Está representada em quase todos os países do mundo e é muito forte onde a Inglaterra mantém o seu controle. A igreja Anglicana tem muitas filhas. A mais conhecida em nosso país é a Igreja Metodista.
A Igreja Anglicana tornou-se tão intolerante para com os batistas como foi o catolicismo. No Pais de Gales havia um grande número de batistas e por causa da perseguição quase todos tiveram que fugir para a América. A perseguição dos anglicanos aos batistas durou até o ano de 1688. Grandes pastores como Tomas Hellys e John Bunyan fizeram história devido à perseguição que o anglicanismo lhes moveu.

A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA


A Igreja Presbiteriana foi fundado por João Calvino. Ele foi um grande teólogo no sentido teórico, porém, um péssimo executor no sentido prático. Assim como Lutero, ele buscava uma reforma dentro da igreja Católica. Não conseguindo, acabou se rebelando, e, em 1541, formou uma igreja na cidade de Genebra, Suíça. Essa igreja no princípio não tinha um nome definido, mas João Knox, um grande seguidor das idéias de Calvino, chamou-a de PRESBITERIANA.
Nesta cidade Genebra, Calvino impôs as suas ordenanças eclesiásticas. Eram leis extremamente rígidas e severas. Ali o evangelho não era pregado mas ordenado aos cidadãos. Proibiu as diversões, as festas, os enfeites e as críticas ao seu governo. Aqueles que eram considerados infratores recebiam duros castigos, inclusive a morte na fogueira. Agindo dessa forma ele queimou feiticeiros, humanistas e batistas. Sua cidade era tão santa que na hora de casar ele não quis uma membro de sua igreja. Casou-se com a viúva de um pastor anabatista.
Como foi dito, sua teologia era apenas teórica. Calvino teve verdadeiro ódio pelos batistas, pois os mesmos não aceitarem sua igreja como sendo uma igreja biblicamente correta. Os batistas viam na igreja Presbiteriana alguns erros que não podiam ser deixados de lado. O primeiro era o batismo infantil. O Segundo consistia dela ter se tornado uma religião do Estado. O terceiro foi a formação de uma hierarquia esquematizada em presbitérios.
A Igreja Presbiteriana é a religião Oficial da Escócia e está bem organizada em muitos países do mundo inteiro. Hoje ela divide-se principalmente em Igrejas Nacionais (Ex: Presbiterianas do Brasil), as Independentes, e as Renovadas.

A ORIGEM DA IGREJA METODISTA


Muito próximo do século XVIII nasceram três meninos na Inglaterra. Eram eles: John Wesley, Carlos Wesley e George Whitefield. Estes três se tornaram pais e fundadores de um movimento que mais tarde foi conhecido como metodismo.
John Wesley se tornou pastor anglicano em 1728.Apesar disso só aceitou Jesus em 1738, ou seja, dez anos após a sua ordenação. Em 1739 ele foi ser capelão nos EUA. Na viagem de navio, como uma tempestade lhes sobreveio, teve medo de morrer. Acabou notando que tinha no navio um grupo de pessoas que não temiam a morte. Esse grupo cantava e orava alegremente no momento da tempestade. Essas pessoas eram os Irmãos Morávios (os mesmos que receberam a influência dos paulicianos no sé-culo XII). John aprendeu muito com esse grupo e, provavelmente, foi por eles batizado.
Neste mesmo ano John encontrou-se com George Whitefield. George convidou-o para participar de uma pregação ao ar livre. Carlos também se juntou ao grupo. Assim os três iniciaram um reavivamento na igreja Anglicana. John Wesley nunca rompeu com a igreja da Inglaterra. Ele não queria formar uma nova religião. Contra sua vontade, no ano de 1784, formou-se a Igreja Metodista na cidade de Baltimore nos EUA.
Os metodistas nunca perseguiram os batistas. Na verdade o seu começo está ligado a pessoas que realmente tiveram uma transformação em suas vidas. O erro desta igreja é que conservaram o sistema Episcopal da Igreja Anglicana e o costume de batizar crianças.

Obs. De Joaquim Tiago.: Os anabatistas eram separatistas, defendiam a idéia da separação entre igreja e estado, defendiam a idéia de igrejas independentes e sem hierarquias eclesiásticas, havia centralização bíblica e eram da ala da reforma radical. As outras igrejas e reformadores fizeram essa relação e acreditava numa “pátria pura e santa”. Por isso os separatistas foram duramente perseguidos. Hoje não são tão mais separatistas como antes, eram de certa forma undergrounds, a margem e perceberam o que o estado causou a igreja por cusa do poder. Quem serão os separatistas de hoje?

Pr. Gilberto Stefano Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus). (retorne a http://solascriptura-tt.org/ IgrejasNosSeculos/ retorne a http:// solascriptura-tt.org/ )



segunda-feira, janeiro 19, 2009

A arte de não adoecer



Dr. Dráuzio Varella


Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças.
como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "Tome decisão"
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.
Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie"
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.

"O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

O caos e a beleza


por: Rubem Alves, na Folha de S.Paulo.

QUANDO EU ERA seminarista gostava de dormir ouvindo música. Eu tinha um radinho de válvulas e a música vinha sempre misturada com os ruídos da estática. Eu preferia a música às rezas. Se eu fosse Deus, eu também preferiria.

Na verdade eu já não rezava mais por duas razões. Primeiro, as aulas de teologia, pela mediocridade, me fizeram pensar -e o pensamento é um perigoso adversário das ideias religiosas. Eu nem sabia se ainda acreditava em Deus. Segundo, se Deus existia, valia o dito pelo salmista e por Jesus de que, antes que eu falasse qualquer coisa, Deus já sabia o que eu iria falar; o que tornava desnecessária a minha fala. Eu estava mais interessado em ouvir a divina beleza da música que em repetir as minhas mesmices que deveriam dar um tédio infinito ao Criador.

Se Deus existe, a beleza é o seu jeito de se comunicar com os mortais. Disso sabem os poetas, como é o caso da Helena Kolody, que escreveu: "Rezam meus olhos quando contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo". Ela poderia ter sido uma amiga da solitária Emily Dickinson, que sentia igual. "Alguns guardam o domingo indo à igreja / Eu o guardo ficando em casa / Tendo um sabiá como cantor / E um pomar por santuário / E, ao invés do repicar dos sinos na igreja / Nosso pássaro canta na palmeira / É Deus que está pregando, pregador admirável / E o seu sermão é sempre curto. Assim, ao invés de chegar ao céu, só no final eu o encontro o tempo todo no quintal." Às vezes, Deus se revela como pássaro...

Deitei-me e liguei o radinho. Era uma noite de mau tempo, tempestade. O ar estava carregado de eletricidade -que entrava no rádio sob a forma de ruídos, estática, assobios. Era um caos sem sentido. Mas não perdi a esperança e continuei a procurar. De repente -a estática dominava a audição- ouvi lá no fundo uma música que muito amo: o concerto para piano e orquestra n.º 1, de Chopin. Fiquei ali lutando contra a estática: 90% de ruído caótico, 10% de beleza.

Eu não entendo esse mistério: todos os sons, estática e música chegavam juntos, misturados. Mas a minha alma, sem que tivesse sido ensinada, sabia distinguir muito bem o ruído caótico e sem sentido dos sons da beleza, que me comoviam. Minha alma sabia que a ordem morava no meio do caos e ela estava disposta a suportar o horrendo do caos pela beleza quase inaudível que existia no meio dele.

Aí me veio uma ideia sob a forma de uma pergunta que me pareceu uma revelação: a vida toda não será assim, uma luta contra o caos sem sentido em busca de uma beleza escondida? E essa busca da beleza, não será ela a essência daquilo a que se poderia dar o nome de "sentimento religioso?"

"Sentimento religioso", como eu o entendo, nada tem a ver com ideias sobre o outro mundo. E algo parecido com a experiência que se tem ao ouvir a "valsinha" do Chico, ou a primeira balada de Chopin.

Uma sonata de Mozart... Um crítico musical poderia escrever um livro inteiro analisando e descrevendo a sonata. Mas, ao final da leitura do livro, o leitor continuaria sem nada saber sobre a sua beleza. A beleza está além das palavras, exceto quando as palavras se transformam em música, como na poesia.

Ficou aquela imagem. Uma melodia linda se faz ouvir em meio aos horrores da vida. Ainda que seja uma "marcha fúnebre"...

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Esperança esta na fé!


“em esperança, creu contra a esperança”

Parece redundante falar dessa forma (eu gosto de redundâncias), quem tem fé tem esperança e quem tem esperança tem que ter fé. A fé aqui neste caso, também pode parecer algo que é a parte, como se tivesse vida própria, uma entidade e suas características.
Mas a lógica e razão da questão é em quem temos confiado, se confiamos de fato. Confiamos mesmo de fato na lógica e na razão e neste universo ninguém quer perde-la. Lembrando kierkegaard, para ter fé é preciso abrir mão da tão sagrada razão, é “saltar no escuro”, só assim encontramos significado existencial, tendo cada um sua experiência, levado a experiência com Deus.
Estamos sofrendo de forte ansiedade nos dias atuais, nossa ansiedade faz parte dessa lógica e do racionalismo que o próprio pensador ajudou a matar. E eu que sou um simples aprendiz poderia rechear esse texto de argumentos lógicos para poder aumentar minha e a sua fé, pois precisamos mesmo acreditar. Porém mais do que nunca precisamos mesmo acreditar não no possível, mas no impossível, o possível cabe a cada um de nós fazer, estudar mesmo e muito. Boas ação são sempre boas, principalmente para o próximo. Então o que você quer? Um porque?
Sei que nosso terrível inimigo é o medo! Ele pode ser forte e nos escravizar, gerar um pânico com medo de falharmos, pelo preceder na própria lógica algo matemático que venha a acontecer. Vivemos um futuro inconstante, desesperança. Não sabemos esperar, esperar nos sofrer muito. Fazemos a previsão conforme nos é apresentado principalmente pela falta.
Vivemos o mundo da falta e o medo de viver sem ter, nos falta muitas coisas não podemos esperar muito por que pela lógica somos sempre pobres, sempre sem aquilo que pode nos fazer ser. A falta é incomodo e tira a experiência do agora, agora não da pra estar satisfeito com nada, o nada é essa angustia de que ainda não foi preenchido esse vazio provocado pelo que não tenho ou não posso. Crer no que sou, sou infeliz quando penso em crer em mim, melhor descrer e ficar esperando que fazendo algo “maravilhoso” diga-se de passagem individualista e consumista serei o que representa ser hoje a lógica de um mundo que se mata.
Sem ilusões, você já pensou em ser feliz sendo assim, em meio a essa tragédia a fé pode levá-lo depois da lógica, principalmente a de hoje. É mesmo difícil enfrentar nossos medos e a realidade fria como essa. A fé realmente é um absurdo! Como um pai pode matar o próprio filho (Abrão e Isac)? A fé se torna seu conhecimento de quem Deus é, é amor. Mas quem pode esperar por esse amor preso pela lógica descartável, imediatista e pluralista? O tudo, a realidade do Eu Sou como é agora e sempre foi. Seus pensamentos são sempre mais altos que os nossos!

"O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência." (Romanos 4 : 18)

O convite é ter uma atitude como do pai de muitas nações. Ele iria dar fim a única esperança dessa promessa de forma trágica e absurda. Esperar em que? Crer contra o que a ele esperava! Isto é “em esperança, creu contra a esperança” e assim não só foi pai de muitas nações mas também conceituado como pai da fé, sem ela não há como agradar a Deus! Mas para tal fé teremos que enfrentar nosso maior inimigo, confiar em Deus não em nossa lógica, em nosso racionalismo, em nossa esperança tão humana.
Amém!

Joaquim Tiago - Bill